sexta-feira, 20 de maio de 2016

ABORTO



 ABORTO - REFLEXÕES SOBRE O DIREITO DE VIVER


Aborto 
Preliminares

Como sempre - mas, hoje, muito mais do que antes -, a consciência atual, despertada pela insensibilidade e pela indiferença do mundo tecnicista, começa, pouco a pouco, a se reencontrar com a mais primária e indeclinável de suas normas: o respeito pela vida humana. Até mesmo nos momentos mais graves, quando tudo parece perdido, dadas as condições mais excepcionais e precárias como nos conflitos internacionais, na hora em que o direito da força se instala, negando o próprio Direito, e quando tudo é paradoxal e estranho -, ainda assim o bem da vida é de tal grandeza que a intuição humana tenta protegê-lo contra a insânia coletiva, criando-se regras de conduta que impeçam a prática de crueldades inúteis e degradantes.

Quando a paz passa a ser apenas um momento entre dois tumultos, o homem - o Cristo da sociedade de hoje - tenta encontrar nos céus do amanhã uma aurora de salvação. A ciência, de forma desesperada, convoca os cientistas de todos os climas a se debruçarem sobre as mesas de seus laboratórios, na procura alucinada dos meios salvadores da vida. Nas mesas das conversações internacionais, mesmo entre intrigas e astúcias, os líderes do mundo inteiro procuram a fórmula mágica da concórdia, evitando, assim, o cataclismo universal.

Mesmo assim, e, mais ainda, na crista da violência que se instituiu em nosso país nesses últimos anos, levanta-se uma nova ordem: a da legalização do aborto, ou, eufemisticamente, a sua descriminalização. Tal fato nada mais revela senão a reverência ao abuso, o aplauso ao crime legalizado e a consagração à intolerância contra seres indefesos, cujo fim é a injustificável discriminação contra o concepto e as manobras sub-reptícias do controle da natalidade, como forma de preconceito do patriarcado industrial, do machismo científico e do colonialismo racial.

Quais as verdadeiras razões desse raciocínio tão implacável? Supõem os defensores do aborto que seria uma maneira radical de diminuir o número de abortamentos clandestinos e sua morbimortalidade. É argumento pouco consistente alguém simplesmente justificar um aborto porque a mulher não esperava uma gravidez ou porque admite uma remota probabilidade de malformação genética, quando venha se manifestar um possível gene autossômico recessivo.

O que assusta é imaginar que a gestante que não possa ou não tenha oportunidade de realizar exames pré-natais, e, portanto, direito ao aborto, não seja contemplada mais adiante com urna legislação que permita praticar impunemente o infanticídio.

Aceitar-se a legalização do aborto, projetando na realidade brasileira uma cifra aproximada de abortamentos criminosos praticados anualmente em torno de dois a três milhões -, ou pelo fato de ser essa prática contínua e progressiva, nos leva a graves e perversas contradições: Primeira, nada mais discutível que tais estatísticas sempre supra ou subestimadas ao sabor de cada paixão e, por isso mesmo, desconhecidas; depois, seria o caso, com todo respeito, de normatizar também o seqüestro, que é uma situação que se repete de maneira continuada e assustadora.

Após a legalização do aborto, será que surgiriam os defensores do infanticídio oficial do segundo ou do terceiro filho dos "indisciplinados sexuais"? Pelo menos, isso não seria nada original, pois já se utilizou de tais recursos, em época não muito distante, numa pretensa e cavilosa "política eugenista". Admite-se, no Brasil, uma mortalidade materna em torno de. 4,5 por 100 mil nascimentos vivos, em abortos provocados, o que representa um fato lamentável e muito grave. No entanto, somente em João Pessoa morrem por dia cerca de doze crianças, entre 0 e 5 anos, por doenças tratáveis e evitáveis, agravadas pela fome.. E não se conhece nenhum movimento organizado que, pelo menos, manifeste, sobre isso, sua indignação.

Admitimos, ainda, que nos países que adotam o aborto livre, apenas uma pequena parcela dos médicos defensores e praticantes do abortamento seja consciente e honesta. A maioria, bem significativa, o faz por interesses meramente financeiros.

Ninguém se engane que o aborto oficial vai substituir o aborto criminoso. Ao contrário, vai aumentar. Ele continuará a ser feito por meio secreto e não controlado, pois a clandestinidade é cúmplice do anonimato e não exige explicações.

Podemos até admitir a discussão ampla do problema, convocando-se todos os segmentos organizados da sociedade para esse debate com vista a uma possível alteração dos códigos. Tudo bem. O que não se pode é instigar ou aplaudir, por razões ditas "humanitárias" e "ideológicas", o simples desrespeito à lei e a pregação à desobediência civil. Uma coisa deve ficar bem clara: indiscutível é o direito inalienável de existir e de viver; outro, de limite discutível, é o direito de alguém dispor incondicionalmente da vida alheia.

Outra coisa: legalizado-se o aborto, estariam todos os obstetras disponíveis à prática abortiva? Acredito que não. Ninguém pode ser violentado na sua consciência. Ainda mais: os professores de obstetrícia estariam no dever de colocar no currículo de ensino de sua especialidade, não apenas os conhecimentos na assistência à gestante e ao feto, mas, também, conhecimentos de como matar com mais eficiência e destreza o embrião humano? E possível conciliar uma medicina que cura com uma medicina que mata? Onde levantaríamos o limite de dispor de uma existência? Ao que nos consta, a medicina sempre contou com o mais alto respeito humano pelo irrestrito senso de proteção à vida do homem e não como instrumento de destruição. Fora disso, é distorcer e aviltar a sua prática, a qual deve inclinar-se sempre ao bem do homem e da humanidade, prevenindo doenças, tratando dos enfermos e minorando os sofrimentos, sem restrições ou sem discriminações de qualquer natureza.

A oficialização do aborto nada resolve. Ele não é causa, mas conseqüência. Não é um fato isolado. Ë um fenômeno estritamente de ordem social, e como tal tem sua solução com propostas políticas bem articuladas, pois ele sempre teve na sua origem ou nas suas conseqüências uma motivação de caráter social. A primeira coisa que se deve fazer para se minimizar o aborto provocado é acudir os grupos desassistidos, por meio do esvaziamento dos vergonhosos bolsões de miséria, permitindo-lhes o acesso às suas necessidades primárias e imediatas: casa, comida, educação, saneamento básico e assistência médica. E necessário também fazer nascer a consciência sanitária na população, orientando-a para os movimentos organizados de saúde, na luta com os trabalhadores rurais e urbanos por melhores condições de vida e de saúde, além de uma política social justa e capaz de favorecer as suas necessidades mais elementares, no combate permanente à iniquidade e à injustiça.

Você é contra ou a favor do aborto?

Comentários:

01 - Quero parabenizar o colega (Dr. Genival V. de França) sobre o artigo que escreveu. Tenho um livro escrito que se chama: "GRAVIDEZ, um momento fundamental". É sobre psicologia transpessoal e mais especificamente sobre a Terapia Regressiva que conduz as pessoas a reviverem o período de sua gravidez. A partir daí não duvidei mais de que o feto tem uma consciência clara e que registra tudo o que acontece com a mãe e com ele - até com outras pessoas que o cercam.

Dr. Luiz Augusto B. Menezes

02 - O artigo do Dr. Genival V. de França é bastante claro e enfático em sua posição contra o aborto. Eu gostaria de lembrar mais um fato, que é a bandeira maior dos defensores dessa prática: a legalização do aborto em casos de malformação fetal, a qual se apoia (1) na defesa da "dignidade do casal", que teria o direito de ter um filho normal, e (2) na defesa da "vida digna para o filho", que teria o direito de nascer normal (isto é, sem malformações físicas ou retardo mental). Ora, o que será mais digno para um casal do que aceitar o filho, independentemente de doença ou malformação? E o que será mais digno para o filho: ter direito à vida ou ser morto sem defesa enquanto feto? Aliás, malformações morais, adquiridas durante o curso da vida, são incontestavelmente piores do que quaisquer anormalidades físicas e mentais, cujos portadores deveriam receber o amparo benevolente de toda a sociedade, e esta então poderia ser, com justiça, considerada digna, em vez de hipócrita. Deixemos as questões de supostas "dignidades" e moralismos para o Criador decidir, e aceitemos a verdade única e incontestável: o direito maior é o
direito à vida, e digno é o casal que a aceita, com ou sem anormalidades. O resto é conversa.

Dr. Luiz Roberto Fontes
Ginecologista e Obstetra

03 - Obviamente eu apoio a decisao destes pais (aborto em caso de mal formação fetal). Eu faria o mesmo caso fosse necessario, assim como quaisquer pais, eu acredito.

Eliete Pinheiro

04 - Um grande abraço e parabens pelo brilhante artigo do Prof. Genival Veloso de França. Sou de todas as formas contrário ao aborto e ao direito de matar.

Aproveito para encaminhar mensagem minha ao Prof. Herbert Praxedes sobre a luta que ele vem realizando a favor da vida daqueles que não podem lutar e nem podem se defender.

Prezado amigo Praxedes, recebi e li dois documentos da vida que você me mandou. Não sei o que fizeram a outros entretanto sei o bem enorme que me fizeram. Ao falar da vida você me lembrou o nascimento de meus três filhos que assisti e também o renascimento de meu Pai e de minha Mãe, bem como o nascimento de minha neta. É claro que nada é mais importante para nós que a vida. Principalmente dos seres que nos são caros e amados.

As emoções foram tantas e indescritíveis em cada uma destas etapas de minha existência que só posso agradecer a Deus por ter permitido que eu as vivesse com tamanha intensidade, com tamanha emoção e que principalmente eu estivesse tão agarrado ao teu espírito de batalha pela vida que você em todas as nossas conversas sempre deixou claro. Isto realmente foi um marco divisor. Lutar pela vida a qualquer momento, ter sempre a esperança no milagre, admitir que existe algo mais forte que a ciência, nos leva a todas as tentativas mesmo quando todas as esperanças científicas estão já derrubadas por terra.


É evidente que não vamos querer manter uma vida apenas pelo dinheiro, entretanto temos a obrigação de lutar pela nossa sobrevivência e principalmente pela sobrevivência de todos os seres que respiram e vivem neste mundo chamado Terra. É importante que se diga isto, e se repita sempre insistentemente, e novamente se torne a dizer, uma vez que métodos de limitação de vida estão cada vez mais adiantados, e de certa forma persuasivamente incutidos em nossas mentes, pelos arautos da legitimidade de matar. Se quando meu Pai ou minha Mãe que estiveram graves em situações extremas e quase limitantes de vida eu tivesse desistido e os colegas, que deles trataram tivessem feito o mesmo, eu não os teria hoje vivendo bem , com qualidade de vida e principalmente felizes por estarem vivos. Mais felizes ainda estão por estarem juntos há quase 60 anos compartilhando de uma união perfeita, se é que perfeição existe. E eu também não estaria tão feliz.

Esteja certo que se de tudo que você escreveu sobre a vida não foi o suficiente para amenizar ou diminuir a ira dos assassinos, que impunemente entram em um útero para matar àqueles que não tem a mínima capacidade de defesa, pelo menos você fez o seu papel de ser humano, o seu principal papel no contexto da humanidade. Você gritou pela vida , você suplicou pela vida , você estimulou a vida e tenho a absoluta consciência que você realmente desejou todas as vidas. Um grande abraço a você pela coragem , pela tenacidade e pela honestidade de princípios em favor da vida.


De um aluno sempre brigão e criador de caso.
Postado por Caion Alves às 09:41 


 Fonte: http://www.abcdocorposalutar.com.br/2016/04/aborto-reflexoes-sobre-o-direito-de.html

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