sábado, 23 de julho de 2016

O TRABALHO E ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS



Assembleia de Deus
Ministério Ensinando a Palavra

Departamento de Escola Bíblica Dominical


O TRABALHO E ATRIBUTOS DO
GANHADOR DE ALMAS



Texto Áureo


“Mas tu sé sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. ”
(2 Timóteo 4.5)


Verdade Prática


A Missão do evangelho é falar de Cristo a todos, em todo lugar e tempo, por todos os meios possíveis.


Introdução: - Ganhar almas é tarefa de todo o discípulo de Cristo. Nesse sentido, todos somos evangelistas. Todavia não podemos esquecer o obreiro chamado por Deus para exercer esse ministério de maneira mais enfática. O evangelista é um precioso dom de Cristo à sua Igreja. Sem o ministério da proclamação, o evangelho teria morrido em Jerusalém. Mas, por intermédio de obreiros como Filipe, a mensagem da cruz, ultrapassando as fronteiras da Judeia, chegou a Samaria. E, desse recanto gentio tão desprezado, as Boas-Novas não demoraram a chegar aos confins da Terra.

O evangelista assemelha-se ao bandeirante que, jamais temendo o desconhecido, sai a falar de Cristo aos povoados mais remotos e estressantes. O seu retomo, porém, é jubiloso. De maneira sacrifical, apresenta preciosas almas ao Senhor. Seja falando a uma única pessoa, seja pregando às multidões, o seu amor pelos que perecem é o mesmo. Proclamar o evangelho é a sua missão.

 Neste capítulo, enfocaremos o evangelista como o agente das Boas-Novas. Veremos que ele é essencial à expansão do Reino de Deus. Paulo destaca o seu ministério como um dos mais importantes da Igreja. Ele é o semeador que saiu a semear.


OBJETIVOS GERAIS
Compreender o real significado da missão de evangelista.

 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender que o evangelista é um ganha­dor de almas.
Mostrar os atributos de um evangelista.
Saber em que consiste o trabalho de um evangelista.


I.       EVANGELISTA, GANHADOR DE ALMAS


Se a nossa principal missão é ganhar almas, é inadmissível uma igreja desprovida de evangelistas. Sem esse ministério, a igreja definha e perde a sua mais preciosa razão de ser.


Definição. A palavra “evangelista” provém do vocábulo grego euaggelistês, e significa aquele que traz boas-novas. Trata-se de um termo que, usado na Grécia Clássica, designava o que portava uma notícia agradável. Em suma, era o mensageiro do bem. A partir da fundação da Igreja de Cristo, no Pentecostes, a palavra passou a designar aquele que proclama o evangelho.
"Euaggelizo" refere-se ao ministério e significa anunciar boa notícia ou boas novas.
Este termo refere-se ao ministério do evangelista e é usado muitas vezes no Novo Testamento, incluindo referências ao ministério de JESUS como o evangelista.

De JESUS - Lucas 4.18
Dos Anjos - Lucas 1.19; 2.10
De João Batista - Lucas 3.18
Dos Primeiros Crentes - Atos 8.4
De Filipe - Atos 8.12, 35
De Pedro e João - Atos 8.25
De Paulo - Atos 13.32; 2 Co 10.16; Ef 3.8
De todos os Crentes - Rm 10.15

1.     O evangelista no Antigo Testamento. A palavra hebraica que designa o portador de Boas-Novas é basar, que, entre outras coisas, significa mensageiro e pregador (Is 40.9; 52.7). Em hebraico, a palavra evangelho é besorah, que também significa boas notícias, a exemplo de sua congênere em língua grega.

ð   Os patriarcas evangelizaram. Abraão foi o primeiro santo do Antigo Testamento a ser agraciado com o título de profeta (Gn 20.7). Apesar de não possuir o encargo de Isaías, nem a missão de Ezequiel, o patriarca, por meio de um testemunho corajoso e monoteísta, mostrou aos cananeus a realidade do Deus Único e Verdadeiro.

ð  Os profetas evangelizaram. Ainda que Isaías seja cognominado o evangelista do Antigo Testamento, quem mais se aproximou do exercício desse ministério foi Jonas. Intimado por Deus a proclamar um severíssimo juízo contra Nínive, o profeta, apesar de sua relutância inicial, fez-se evangelista e missionário. Ao chegar à grande cidade, percorreu-a durante todo um dia, com uma mensagem simples, mas eficaz: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida” (Jn 3.4). Os profetas ao anunciarem o juízo de Deus, sempre tinham também a palavra da esperança do Reino, o anúncio de boas novas.


ð   Os reis evangelizaram. Apesar de nem todos os reis de Israel serem recomendáveis, alguns deles, como Davi, Salomão e Ezequias, muito fizeram pelo anúncio da Palavra de Deus entre os gentios. Nos dias de Salomão, muitos potentados estrangeiros deixavam suas terras para ouvir o sapientíssimo rei de Israel. E, ali, na corte hebreia, glorificavam o Poderoso de Jacó.


2.  O evangelista em o Novo Testamento. Na Igreja Primitiva, o primeiro discípulo de Cristo a receber o título de evangelista foi o diácono Filipe (At 21.8). Se o ministério diaconal foi constituído formalmente por um concílio, o evangelístico não precisou de formalidade alguma para sobressair. Os dois primeiros evangelistas da Igreja Primitiva, a propósito, surgiram dentre os sete diáconos. Logo após ser consagrado ao diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua palavra fez-se tão irresistível, que levou o clero judaico a condená-lo à morte traiçoeiramente (At 8.1,2).


3.  O ministério de evangelista não está listado com os outros dons ministeriais em 1 Coríntios 12:28 como está em Efésios 4:11. Contudo, podemos subentender que a referência aos que “realizam milagre, os que têm dons de curar” se aplica ao cargo de evangelista, já que caracterizavam o ministério evangelístico de Filipe e dariam autenticação sobrenatural ao ministério de qualquer evangelista.


4.            O evangelista na era da Igreja Cristã. A História da Igreja Cristã mostra que, em todos os reavivamentos, o Espírito Santo destaca a evangelização como o principal evento da igreja. Haja vista o ministério de Wesley, Daniel Berg, Gunnar Vingren e Bernhard Johnson. Ore para que o Senhor da Seara continue a despertar a Igreja a um novo avanço evangelístico.

II.          ATRIBUTOS DE UM EVANGELISTA

1.        Amor pelas almas. “ ... Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns” (1Co 9.22). Consideremos:

ð        O amor no coração de Deus “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

ð      O amor no coração de Jesus “e, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36). Vejamos:

·              Amor ao leproso (Mc 1.41);
·              Amor aos cegos (Mt 20.34);
·              Amor à viúva de Naim (Lc 7.13);
·              Amor a Jerusalém (Mt 23.37);
·              Amor às multidões (Mt 14.14; 15.32).

ð     O amor no coração dos apóstolos “e os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça” (At 4.33). Vejamos:

ð                 O amor de Paulo (At 20.23; 21.13; Rm 9.1-3; 10.1; 1 Co 9.16-23);
ð                 O amor de Pedro e João (At 3.1-8; 4.1,2,8,18-21).

4. O amor no coração da igreja “mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra” (At 8.4); “e os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, anunciando.”

Conhecimento da palavra de Deus
. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15); “então, Filipe, abrindo a boca e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus” (At 8.35). O conhecimento da Palavra de Deus é um dos requisitos importantes do ganhador de almas.

·              Ele deve ser instru­ído na Palavra (1Tm 4.6);
·              Saber as Sagradas Escrituras (2Tm 3.16);
·              Guardá-las no coração (Sl 119.11).


O conhecimento nos torna fortes, pois nos capacita a utilizar no tempo certo a Espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef 6.17), de modo que possamos vencer os ataques de Satanás (Mt 4.1-11). Quando o crente tiver esse conhecimento, será “ ... Poderoso nas escrituras” (At 18.24) e também na sua missão de ganhar almas (2Tm 4.2), pois os pecadores não poderão resistir ao poder da palavra (At 6.10).


Somente quando possuir conhecimento da Palavra é que o ganhador de almas poderá levá-las a Jesus, “... Mostrando pelas Escrituras que [ele é] o Cristo” (At 18.28).

ð      Convicção da salvação (Rm 8.16; Jo 6.69). O crente tem que ter convicção de sua salvação. Sabe que tem a vida eterna (Jo 3.36; 5.24; 6.47; 1Jo 5.11). Sabe que foi salvo (2Tm 1.9; Tt 3.5). Sabe que seus pecados foram perdoados (Ap 1.5). Sabe que não está mais debaixo da condenação (Rm 8.1), nem da ira (Jo 3.36), nem do temor da morte (Hb 2.14,15), nem do domínio de Satanás (Ef 2.2), nem da vontade da carne e dos seus próprios pensamentos (Ef 2.3). Sabe em quem tem crido (2Tm 1.12). Sabe que é filho de Deus (1Jo 3.2), que passou da morte para a vida (1Jo 3.14), que é da verdade (1Jo 3.19), que é de deus (1Jo 4.6) e que Deus está em sua vida (1Jo 3.24). Sabe também que será arrebatado ao céu (1Ts 1.17), que verá Jesus e será semelhante a ele (1Jo 3.2), e que estará para sempre com o Senhor nos céus (1Ts 4.17), onde também seu nome já está escrito (Lc 10.20). Somente quem tem a certeza de tudo isso é que poderá fazer alguma coisa em prol das almas perdidas.


Cheio do Espírito Santo (Zc 4.6). Ser cheio do Espírito Santo é de suma importância para o ganhador de almas:

1.    O Espírito Santo capacita o crente somente ele:

·              Convence do pecado (Jo 16.8-11);
·              Revela a verdade à mente e ao coração (Jo 16.13);
·              Revela Cristo ao coração (Jo 16.14);
·              Regenera o pecador (Tt 3.5-7);
·              Opera o novo nascimento (Jo 3.5-8);
·              Testifica da salvação (1Jo 3.24; 5.8-11).

2.     Ao fato de que o Espírito Santo prepara o crente:

·              Guiando-o em toda a verdade (Jo 16.13);
·              Ensinando-o o que falar (Lc 12.12);
·              Lembrando-o da palavra (Jo 14.26);
·              Ajudando-o nas fraquezas (Rm 8.26; 2Co 3.5,6);
·              Ajudando-o a orar como convém (Ef 6.18; Rm 8.26);
·              Dando-lhe autoridade para falar (At 4.33);
·              Capacitando-o a falar com convicção (At 2.36-38).

É necessária obediência para desfrutarmos da presença do Espírito Santo (At 5.32). Somente assim receberemos a dire­ção de Deus para o trabalho, como ocorreu com Filipe (At 8.28,29,35) e com Pedro (At 10.19).


Viver o que prega.
“Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? ” (Rm 2.21,22).


Ser irrepreensível para não ficar reprovado
.
“Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27). “Como fonte turva e manancial corrupto, assim é o justo que cai diante do ímpio” (Pv 25.26). Portanto, “... Purificai-vos, vós que levais os utensílios do senhor” Is 52.11).


III. O TRABALHO DE UM EVANGELISTA

Proclamação do Evangelho. Para se proclamar o evangelho de Cristo com eficácia, requer-se, antes de tudo, uma experiência real e marcante com o Cristo do evangelho. Além disso, deve o evangelista aprofundar-se no conhecimento de Deus, a fim de apresentar em sua inteireza, tanto ao mundo quanto à Igreja, todos os desígnios divinos. Foi o que Paulo declarou ao presbitério de Éfeso: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos; porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” (At 20.26,27). O evangelista, embora proclame uma mensagem simples e direta, não há de conformar-se com uma teologia rasa. Antes, aprofundar-se-á na Palavra da Verdade, para que venha a manuseá-la com destreza e oportunidade (2Tm 2.15). Sua mensagem, portanto, será simples, mas jamais simplória, porquanto Deus o chamou a falar a judeus e a gregos, a sábios e a ignorantes, a servos e a livres.


ð Apologia da fé cristã. A proclamação do Evangelho compreende igualmente a apologia da Fé Cristã (Fp 1.15,16). Escrevendo aos Filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes ter sido chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo (Fp 1.7). Os últimos capítulos de Atos mostram como Paulo, além de anunciar Cristo, soube como defender a esperança evangélica diante das autoridades judaicas e romanas. Destacamos, outrossim, o seu discurso no Areópago de Atenas (At 17).

·     A apologia de Paulo era diferente da nossa; era viva, dinâmica e relevante. Ele não se afadigava a provar a existência de Deus, pois todos, de uma forma ou de outra, sabiam que o Criador existia, pois, a sua presença na criação é inegável. Antes, mostrando a relevância da mensagem da cruz aos gregos e romanos, o apóstolo deixava-lhes bem patente que Deus não somente existe, mas intervém na História do universo e na biografia de cada ser humano.

·     Paulo não se limitou a denunciar-lhes o pecado; em Jesus Cristo, apontou-lhes o caminho da pureza e da justificação pela fé.

Em sua apologia, Paulo perfazia um caminho inverso do nosso. Nós defendemos o evangelho de modo raso e periférico. Ele, porém, advogava-o de forma essencial, mostrando-lhe o poder e a graça transformadora.

ð     Integração do novo convertido. O trabalho de um evangelista não se resume em trazer alguém à luz de Cristo, mas também acompanhar o novo crente, até que este venha a iluminar o mundo com o seu testemunho. Se, num primeiro momento, o evangelista é o amoroso obstetra, no seguinte, ele haverá de ser o pediatra atento à evolução do convertido. O objetivo principal do discipulado é formar autênticos seguidores de Cristo. A partir daí, teremos cristãos testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos importância à formação espiritual dos que recebem a Cristo, encheremos a igreja de crentes vazios, deficientes e rasos na fé. É o que vem ocorrendo em muitos arraiais que, tidos como evangélicos, das ovelhas querem apenas a gordura e a lã.

ð          Fortalecer a Igreja. O evangelho não deve ser pregado apenas ao mundo. Às vezes, temos de anunciá-lo também à Igreja. Era o que Paulo pretendia fazer, ao anunciar a sua visita aos Romanos: “E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma” (Rm 1.15). Depreende-se que os irmãos de Roma, apesar de sua sinceridade, ainda não haviam compreendido, plenamente, a origem, o processo e a efetivação da fé salvadora em Jesus Cristo. Por isso, era urgente que o apóstolo descesse aos alicerces do Plano da Salvação, para que eles viessem a subir aos andares mais elevados do conhecimento divino. Assim como o pastor tem de fazer o trabalho de um evangelista, deve o evangelista, por seu turno, empenhar-se pastoralmente na edificação doutrinária das ovelhas. Hoje, mais do que ontem, os evangélicos, até mesmo os de igrejas tradicionais e históricas, carecem de fundamentos doutrinários.

ð           Desenvolver Teologia. O evangelista, à semelhança do apóstolo, também foi constituído a fazer teologia, pois sem teologia a evangelização é impossível. Em sua primeira carta ao jovem Timóteo, faz-lhe Paulo um resumo de seu currículo: “Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade” (1Tm 2.7). Uma coisa é fazer teologia entre os teólogos. Outra, é teologizar entre os inimigos de Deus. Mas é justamente nesse ambiente hostil, e cercado de falsos silogismos e lógicas aparentes, que o evangelista é intimado a expor o tema prioritário da verdadeira teologia: Jesus Cristo e este crucificado. Foi o que Paulo fez ao evangelizar os gregos. O evangelista é o teólogo ambulante, cuja missão é proclamar o evangelho completo de Cristo. Isso significa fazer a mais alta, a mais profunda e a mais bela teologia, pois a mensagem da cruz possui todas essas características.


Conclusão:  -Amar sem reservas a pessoa toda e não economizar esforços para alcançá-la em todas as esferas da sua existência é a razão da vida de todo evangelista. Este é o portador das Boas Novas, o arauto do Reino de Deus numa sociedade dominada pelas ideias e cosmovisões que afrontam o propósito do Altíssimo para a humanidade. Amar, amar, amar.... É a palavra-chave do evangelista!

                                              Aula Elaborada pelo Professor,

                                                         José Fábio


Pra. Maria Valda