quarta-feira, 8 de junho de 2016

O QUE É SER PASTOR?






Por Pr. Silas Figueira

Ser pastor em primeiro lugar é ser humano. Alguém que vive os mesmos dilemas que qualquer membro da comunidade cristã vivencia. É viver a vida com graça, e manifesta a graça do Senhor, mesmo quando as circunstâncias são adversas.

Ser pastor é ter a consciência de que foi escolhido por Deus, para fazer parte do grupo que exerce o mais excelente ministério (1Tm 3.1). É fazer parte do grupo que desiste dos seus sonhos profissionais e de sua carreira para sonhar os sonhos que o Senhor tem traçado para sua própria vida.

Ser pastor é doar-se aos demais. É ser uma pessoa aberta e sempre acessível aos seus irmãos e também ao seu próximo. Isto implica muitas vezes ter que abdicar de horas de sono. É necessário em muitos casos, vencer o seu cansaço para poder ajudar alguém ou até mesmo ter uma palavra amiga para uma pessoa aflita ou alguém que está em sofrimento.

Ser pastor é ser mensageiro de Deus. Anunciador das boas novas. É ser uma voz que clama com ousadia. Muitas vezes, a mensagem será dura, outras promoverá conforto e consolo. Muitos compreenderão os seus pecados e render-se-ão aos pés do Salvador. Ser pastor é ser voz e nada, além disto.

Ser pastor é ser guia. O pastor segue o caminho antes dos demais. Orienta os seus irmãos e mostra-lhes qual o caminho que deve ser seguido. Isto significa que, enquanto todos estão em segurança, muitas vezes o pastor está a percorrer o pântano tenebroso para poder conduzir o rebanho ao qual serve em segurança (Sl 23.4). Ele não abandona os seus, está presente na hora da angústia a guiá-los em segurança.

Ser pastor é chorar em silêncio. É sofrer sozinho. É ser alguém que tira forças de onde muitas vezes parece que já não existe nenhuma para poder fortalecer os que em sofrimento lhe procuram. É ser consolado pelo consolo e conforto que vê que promoveu na vida dos seus irmãos. É alegrar-se na vitória daqueles que ele tanto ama.

Ser pastor é fundamental e acima de tudo, é ser um cristão salvo pela graça do Senhor Jesus. É alguém que compreendeu que sua vida não faz sentido sem a comunhão e intimidade com o Senhor e o seu povo.1

Podemos dizer com isso que o pastor não é um voluntário, mas uma pessoa chamada por Deus. Sua motivação não está em vantagens humanas, mas em cumprir o propósito divino. O ministério não é um palco de sucesso, mas uma arena da morte. O ministério não é um camarim onde colocamos máscaras e assumimos um papel diferente daquele que, na realidade, somos, mas é um campo de trabalho cuja essência é a integridade. Abraçar o ideal do ministério é abrir mão de outros ideais.2 O ministério é árduo, espinhoso, difícil. Só mesmo os chamados resistem. Dois vocábulos são usados por Paulo em 1 Coríntios 4.1, Uperetes (ministro) e oikonomos (despenseiro, mordomo) significando remador e administrador respectivamente. Todos os dois no sentido de serviço laborioso, organizado e sistemático.

“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus” (1Co 4.1).

A palavra “ministro” na língua portuguesa representa o primeiro escalão do governo. No entanto, se olharmos a palavra “ministro” no campo religioso, estaremos falando de alguém que exerce a função de líder religioso na igreja local. Todavia, a palavra usada pelo apóstolo Paulo para definir o ministro nos dá uma ideia totalmente contrária. A palavra grega usada é Uperetes, que significa um remador de galés. Essa palavra era utilizada para a classe mais simples de escravos. A palavra Uperetes só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Nos grandes navios romanos existiam as galés, que eram porões onde trabalhavam os escravos sentenciados à morte e eles prestavam um último serviço antes de morrer. Eles tinham seus pés amarrados com grassas correntes e trabalhavam à exaustão sob o flagelo dos chicotes até à morte. Paulo está dizendo para não colocarmos os holofotes sobre um homem, porque importa que os homens nos considerem uperete e não como capitães do navio. O ministro da igreja é um escravo já sentenciado à morte, que deve obedecer às ordens do Capitão do navio, o Senhor Jesus.3 

Paulo utiliza agora uma nova figura. Ele diz que o pastor é um despenseiro ou mordomo. A palavra grega utilizada por Paulo é oikonomos, de onde vem a palavra mordomo. O ministro é um despenseiro, aquele que toma conta da casa do seu senhor. Em relação ao dono da casa, o mordomo era um escravo, mas em relação aos outros serviçais, ele era o superintendente. O mordomo era a pessoa que cuidava da despensa, da dieta, da alimentação de toda a família. Ele era um escravo de confiança da casa. O que isso nos sugere?

a). Não é competência de o mordomo prover o alimento para a família; essa era uma responsabilidade do dono da casa. O ministro do evangelho não tem de prover o alimento, porque esse já foi provido. Esse alimento é a Palavra de Deus. Reter a Palavra ao povo é um pecado. 

b). Não era função do mordomo buscar outra provisão ou qualquer alimento que não fosse pelo senhor. A Palavra de Deus deve ser ensinada de formas variadas. Paulo diz para ensinarmos todo conselho de Deus (At 20.27). Nos dias atuais nenhum homem ou mulher recebe mensagens novas de Deus. Tudo o que Deus tem para nós já está nas Escrituras. A pregação de hoje não é revelável, mas expositiva.

c) A função do mordomo era servir as mesas com integridade. O ministro não é um filósofo que cria a sua própria filosofia. Não é assim o despenseiro. Ele não cria uma doutrina, uma teologia ou uma ideia a fim de aplicá-la e ensiná-la. Cabe a ele transmitir o que recebeu. E Paulo sempre usa essa expressão: “[Eu] vos entreguei o que também recebi” (1Co 11.23; 15.3).4

Os ministros deverão ter chamada específica e caracterizar-se por fidelidade, piedade, responsabilidade, integridade e ter familiaridade com a palavra de Deus. Hoje em dia, é muito fácil encontrarmos obreiros administradores, construtores e sistemáticos dentro de padrões humanos. Porém a obra carece de obreiros que distribuam o alimento, que é a Palavra, diretamente de Deus aos corações, e isto será feito a partir da utilização de dons que destacam o lado espiritual da obra de Deus, em contraste com as obras meramente humanas como construções, aquisições e conceitos baseados na lógica e ciência puramente humana.

O verdadeiro obreiro também será aquele que sabe conviver com responsabilidade de seu chamado e as críticas que advirão desta chamada. Somos vitrine, expostos a juízos: de Deus, da Igreja, de nós mesmos e da sociedade como um todo.

Façamos das palavras de Paulo a Timóteo nosso lema: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

O obreiro como ministro de Cristo, deverá acima de tudo ter a habilidade de abrir portas, caminhos (construir pontes), unir distâncias, pessoas e vidas. Em suma, não haverá portas fechadas aos servos de Deus, no que depender do seu testemunho.

Pastora, Maria Valda


Fonte: http://www.eismeaqui.com.br/estudos-biblicos/5372-o-que-e-ser-pastor

DIA DO PASTOR

dia-do-pastorO Dia do Pastor é comemorado no segundo domingo de junho em muitas igrejas evangélicas. A data foi escolhida pela Convenção Batista Brasileira há muitos anos. Outras denominações acompanharam o tema e hoje espalha-se por grande parte do meio evangélico.
Geralmente as igrejas celebram cultos especiais, celebrações importantes, preciosas. As que têm maiores condições financeiras costumam dar aos seus pastores presentes substanciosos, valiosos monetariamente. Outras, mais simples, homenageiam-no como podem, expressando com amor a data festiva. Há outras, contudo, que só se lembram disto no próprio dia e rapidamente distribuem uma ou outra tarefa para líderes e conjuntos, buscando suprir essa demanda inesperada. Há algumas que sequer se lembram de celebrar.
Sou pastor. E sei o quanto isso é importante na vida do ministro do evangelho. Não que um pastor busque homenagens; aliás, é melhor que nem as tenha, pois as receberá completas e eternas, no Céu. Pastores que buscam reconhecimento e homenagem na Terra privam-se de seu galardão no Reino de Deus (Mt 6:2). Contudo, quando as homenagens não são buscadas e aparecem, fruto do reconhecimento de suas próprias igrejas pelo trabalho prestado dia após dia (e isso é bíblico, Rm 13:7), elas são não apenas lícitas, mas abençoadas, dignas, honrosas e reconfortantes.
Gostaria de citar algumas coisas importantes para esse dia. Nunca li nada a respeito e sei que muitos pastores gostariam de dizer isso. Resolvi sintetizar essas observações e compartilhar com todos os que irão homenagear os seus obreiros no próximo domingo ou em outro qualquer:


1) NÃO CELEBREM UM CULTO ANTROPOCÊNTRICO – Muitas vezes, no afã de homenagear os seus pastores, igrejas tiram o foco de Cristo e enquadram o pastor no centro das honrarias. Isso não é correto. Bons pastores sentem-se constrangidos e desconfortáveis quando isso acontece. O culto deve sempre ser celebrado a Deus e a gratidão sempre deve ser dirigida a Ele. Afinal, o que são pastores senão servos do Supremo Pastor? Todo culto que enaltece ao homem em detrimento de Deus é uma abominação. Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura. (Is 42:8)


 2) NÃO BAJULEM – Bajulação é dizer um monte de coisas no dia do pastor e nenhuma nos outros dias do ano. Parece que a situação torna-se constrangedora, pois algumas pessoas, que nunca gastaram um minuto orando pelo pastor ou mantendo com ele algum relacionamento intelectual, espiritual ou afetivo, naquele dia apresentam homenagens artificiais. Pastores não gostam disso. É melhor homenageá-los dia após dia com um tratamento cordial, espiritual, elegante, amistoso, do que dizer palavras que não são reais.


3NÃO O PRESENTEIEM SÓ NO DIA DO PASTOR – Há pastores que vivem de forma precária em sua mantença financeira. Conquanto o orçamento da congregação comporte melhorias salariais, muitas vezes para não constranger o rebanho pastores calam-se quanto ao assunto e sofrem as dificuldades de uma prebenda insuficiente: não podem dar conforto à família, nem comprar livros novos, nem usar ternos melhores, nem oferecer uma refeição mais qualificada para a família ou visitas. No dia do pastor recebem uma homenagem desproporcional, fora da realiade, um presente caro demais, que não trará solução aos seus diversos problemas orçamentários. Se a igreja melhorasse as suas condições de vida, de salário, seria um presente muito, muito melhor e mais honesto: um salário mais condizente, um plano de saúde, um seguro de vida e de morte, uma moradia mais confortável, um plano para uma condução mais apropriada etc. Diz a Bíblia: Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplos honorários (dupla honra), principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (1 Tm 5:17).


4) NÃO SE ESQUEÇAM DA DATA – Para algumas denominações o segundo domingo de junho é dedicado à celebração do Dia do Pastor; para outras, a data é diferente. Seja em que data for, não esqueçam de celebrá-la. Um pastor não faz tanta questão de celebrar o dia de seu aniversário, ou o dia de sua ordenação ou outra data preciosa, mas ele JAMAIS se esquece do Dia do Pastor, que coroa anualmente a decisão que um dia tomou, em dedicar-se ao sagrado ministério da pregação e dos cuidados com a igreja do Senhor. É claro que ele fará tudo para não demonstrar, mas ficará muito triste se nenhuma lembrança ou alusão for feita (experiência própria). Lembrar-se, dar um abraço, um cartão escrito à mão, uma flor, um bombom, um olhar de gratidão, um café gostoso, tudo isso conta muito e incentiva o obreiro a manter-se fiel ao chamado, entusiasmado com o ministério e reanimado em suas forças.


5) NÃO IGNOREM OS PASTORES IDOSOS OU OS EX-PASTORES - Infelizmente os pastores idosos tornam-se esquecidos. Tanto fizeram, tanto lutaram, tanto pregaram, mas, devido à idade e as dificuldades oriundas da passagem do tempo, não estão mais na titularidade das igrejas e nem nos ministérios auxiliares. Às vezes apenas congregam numa igreja média ou grande. No dia do pastor eles simplesmente são omitidos, esquecidos, desprezados. Não tenham dúvidas: eles têm sentimentos, eles sentem dores. Uma igreja que honra os seus velhos pastores demonstra amar ao Senhor e honrá-lo pelos obreiros que Ele separou. Aliás, seria lindo se as igrejas pudessem alistar os pastores anteriores ao atual e dedicar a eles um telefonema, um cartão assinado por toda a igreja, ou, se as condições forem melhores, uma visita de amor, o envio de uma cesta de café ou de uma lembrança. Que alegria sentiriam esses colegas! Soube de uma igreja antiga, que já havia sido pastoreada por vários pastores, que alistou todos os que estavam vivos e enviou-lhes uma telemensagem e um cartão assinado por todos os membros. E um desses pastores, velhinho, mostrou-me com as mãos trêmulas e com lágrimas nos olhos, essa dádiva recebida. Que demonstração de amor!

6)  HOMENAGEIEM PESSOAL E INSTITUCIONAL – Uma homenagem da igreja a nível institucional é esperada, é bem-vinda, é preciosa e importante. É a maneira coletiva de dizer ao pastor o quanto ele é importante para a sua existência e o seu ministério. Nessa ocasião as palavras são preciosas, as manifestações públicas dos departamentos, os presentes diversos, da diretoria, das crianças, jovens, músicos, ministério educacional etc. Porém há também as homenagens pessoais, tão singelas, tão preciosas, tão importantes. Lembro-me da saudosa irmã Isabel Felix: num dia do pastor, após o culto, ela chamou-me ao canto e entregou-me um sabonete feito sachê, preparado pelas suas mãos octogenárias. Era um sabonete barato, simples, envolto em fitas coloridas e com uma florzinha de tecido em cima. Aquele presente teve um valor tão grande para mim, que 15 anos são passados, a irmã já está com Jesus e eu não me esqueci daquela homenagem.
7) OBEDECER É MELHOR DO QUE SACRIFICAR – Infelizmente há igrejas que não se submetem às orientações de seus pastores. Claro, estamos falando daqueles que são bíblicos, não dos que são loucos. Há igrejas que não acatam as suas orientações: jovens rebeldes, que fazem questão de não seguir os seus conselhos; adultos contrários, que não acatam as suas orientações; diretorias que não o respeitam publicamente nas reuniões ou nas assembléias; famílias que nunca lhe dão o reconhecimento necessário (não o convidam senão para crises internas; nos dias de festa o esquecem). Para esse comportamento rotineiro as homenagens no Dia do Pastor não servem para nada, senão para aborrecer o obreiro. Seria melhor para essa igreja fazer um pacto de quebrantamento, buscando atender com maior dedicação, amor, respeito e consideração o seu pastor, tornando-o mais feliz e menos sofredor na rotina do ministério pastoral. Isto seria real, não hipócrita e o pastor entenderia essa homenagem muito mais preciosa do que festejos diversos.
8) RECONHEÇA O SEU PASTOR – Muitas vezes o obreiro da igreja é disputado e desejado em outros púlpitos, em congressos, em encontros e as pessoas vêm de longe para ouvi-lo, vê-lo ou estar com ele. Ele é lido e assistido por multidões nas mídias modernas. Em sua igreja local, porém, nos cultos rotineiros, nos cultos no meio de semana, é desprezado. Depois, quando esse obreiro morre ou vai embora e outro surge, começam as comparações e, não raras vezes, a conclusão: éramos ricos, éramos felizes e não sabíamos; tínhamos uma jóia e a desprezamos … É a mais pura verdade. Já dizia a Bíblia: “Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria” (Jo 4:44). Estou cansado de ouvir as mesmas histórias: o nosso velho pastor era maravilhoso… Oras, para quê esperá-lo morrer ou ser levado para outro lugar onde lhe deem maior valor? Valorizem o obreiro que possuem! Deus os enviou, Deus os mandou, as igrejas convidaram-nos após muita oração. E, se não houver comportamento anti-bíblico em sua vida, devem prestigiá-lo. Se ele lecionar uma matéria, devem participar. Se pregar numa série de conferências, devem fazer-se presentes. Nada anima e alegra mais um pastor do que ver que sua igreja o aprecia, gosta de lhe ouvir, reconhece-o como pregador da Palavra. Um auditório local repleto num culto normal é para o pastor um grande certificado de qualidade. E quando alguém citá-lo num jornal, numa conversa ou igreja, poderão dizer com muita honra: “aquele é o meu pastor”.

 Há muito mais a ser dito mas isso já é o bastante por hoje.

FELIZ DIA DOS PASTORES!
Fonte: http://www.ib7.org/_novo/colunistas/dia-do-pastor