Assembleia de Deus - Ministério Estudando a Palavra
Departamento de Educação
Cristã
Tema:
A FACE OCULTA DO ADULTÉRIO
Texto Bíblico Básico: 2 Samuel 11.2,4-11
Texto Áureo: Hb 13.4
Palavra Introdutória: - Várias pesquisas realizadas no Brasil indicam que a
grande maioria dos homens e 50 a 60% das mulheres têm praticado ou praticam o
adultério ou, como se diz na linguagem mais em uso, “transam” com pessoas que
não são sua esposa ou seu marido. Com a ênfase dada ao sexo na TV, no cinema,
na literatura, e até nas instituições de ensino, chegando ao extremo da
obsessão, não é de se admirar que o homem secular, sem a convicção espiritual e
os princípios da Palavra de Deus, caia nesse pecado.
O crente em Cristo,
porém, entra nele aos pouquinhos. Isso porque não observa a sinalização que o
adverte do perigo. Faz vista grossa a esses sinais porque, embora não deseje
precipitar-se no abismo da desgraça da imoralidade, quer sentir pelo menos um
pouco a gostosura dos seus prazeres. Assim, avançando sinal após sinal, deixa a
vida pegar embalo no caminho errado até ao ponto de não conseguir mais fazer a
manobra de frear para evitar o desastre. Diz, então, que “caiu no pecado”,
quando este, de fato, há tempo já estava no seu caminho.
"Mas, por causa da prostituição, cada um tenha
a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à
mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não
tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma
maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo,
para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para
que Satanás não vos tente pela vossa incontinência" (1 Co. 7:2-5).
Objetivos:
Saber - que Davi transgrediu a aliança divina, vindo
a destruir não apenas um casamento, mas também uma vida humana inocente.
Entender - que o adultero,
voluntáriamente, busca corromper aquilo que Deus criou para ser santo e
intocado: a intimidade entre um homem e uma mulher.
Compreender - que o Altíssimo perdoa
a todos que verdadeiramente se arrependem; contudo, o arrependimento não
promove a suspensão das consequências daquilo que o homem faz.
I.
DAVI, URIAS E BATE-SEBA
Nessa conhecida história do pecado de Davi com
Bate-Seba, vemos o retrato de um déspota oriental que manipulou pessoas para
realizar seus planos. Comete adultério e entra numa cadeia de transgressões até
chegar ao homicídio de Urias, que não foi feito com suas próprias mãos mas foi
planejado por ele. A palavra “adultério”
vem da expressão latina “ad alterum torum” que significa “na cama do outro”, provém do
latim adulterium, de adulter. A raiz hebraica também aponta para a palavra “apostatar”. Davi já estava na meia idade, havia
conquistado muito, era um rei bem sucedido em todos os seus feitos. A vida no
topo traz seus riscos pois só tem como se cair que está no alto: “...Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não
caia.” (1Co 10.12).
Vejamos a seguir algumas particularidades observadas
no comportamento de Davi neste episódio:
1.1. Dessensibilização
Deuteronomio 17, que determina os padrões para os
reis hebreus, ordenava que deveriam abster-se de três coisas: 1º Adquirir
muitos cavalos; 2º Tomar muitas esposas; 3º Acumular muita prata e ouro (vv.14-17). São as sensualidades “legais”, as
indulgências culturalmente aceitáveis, que nos levam a cair, pois Davi seguiu a
cultura de seu tempo conforme 2 Samuel 5.13 “tomou Davi mais concubinas e
mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom”.
1.2. Negligência
Em 2 Samuel 11.1, temos o contexto em que Davi
comete adultério com Bate-Seba:“…no tempo
em que os reis costumam sair para a guerra […] Davi ficou em Jerusalém”. Tais
palavras parecem uma crítica a atitude de Davi e apontam para as circunstâncias
em que pecou. Ao que parece, Davi negligenciou as suas obrigações como rei de
Israel. Ele deveria ter acompanhado seu exército, mas preferiu ficar em sua
casa na ociosidade, a descansar e passear, enquanto seus homens estavam em
batalha.
1.3. Relaxamento
O relaxamento com os rigores e a disciplina que
tinham feito parte de sua vida ativa,
deixaram Davi vulnerável. Ele estava na meia idade, por volta dos
cinquenta anos, e suas campanhas militares haviam tido tanto sucesso que não
era mais necessário que fosse pessoalmente a guerra. O problema do relaxamento
é que geralmente se estende para a vida moral e espiritual. É difícil manter
uma disciplina interior quando se está relaxando deste modo.
1.4. Fixação
Davi passeava pelo terraço (2 Sm 11.1-3), e viu a
formosa mulher tomando banho (v.2). Ela
era jovem na flor da idade, nesse instante o olhar do rei ficou fixo, e em
seguida, se tornou um olhar libidinoso.
Dietrich Bonhoeffer observa o momento em que a lascívia assume o
controle: “Neste momento, Deus...perde a realidade...Satanás não nos enche com
aversão a Deus, mas com o esquecimento de Deus”.
1.5. Insensatez
e Imprudência
A ficar cego pela lascívia, Davi passou a agir como
um insensato não se importanto que era uma mulher casada se apossando dela e
satisfazendo o seu desejo (2Sm 11.4). “O caminho do insensato é reto aos seus
próprios olhos...” (Pv 12.15a).
1.6. Tirania
O inesperado
aconteceu, Bate- Seba engravidou de Davi e enviou uma mesagem a Davi.
Agora usando de seu poder como rei, começa cair cada vez mais, mergulhando na
mentira e agindo com maquinações para esconder o seu pecado, como um tirano faz
o que acha melhor. A solução encontrada pelo pelo rei foi trazer Urias da guerra, a fim de
que ele se deitasse com Bate-Seba (2Sm
11.6,7). Davi não esperava tanta
fidelidade de Urias (2Sm 11.8-13). Por fim o sentencia a morte (2Sm 11.14,15).
1.7. Soberba
Quando a notícia da morte de Urias chegou (2Sm 11.24),
passado o tempo do luto, Davi casou-se com a viúva de seu fiel soldado (2Sm 11.11,26,27). Aparentemente um ato de
bondade para com a viúva, mas por trás
estava inquidade encoberta. Na sua soberba esqueceu que não havia nada oculto aos olhos de Deus:
“...pareceu mal aos olhos do Senhor”
(2Sm 11.27b).
Conforme o pastor R. Kent Hugues: “..., ele quebrou
todos os Dez Mandamentos; os seis que se referem a amar o próximo como a si mesmo (do quinto ao
décimo), os quatro primeiros, por desonrar a Deus.
•
Davi demonstrou
desprezo pela Palavra de Deus (2Sm
12.9);
•
Davi demonstrou
desprezo pelo Senhor (2Sm 12.10).
O Profeta Natã o confrontou a Davi com muita
sabedoria (2Sm 12.1-7), E através de
Natã Deus revela a Davi as consequências terríveis que seu pecado traria a sua
família e seu reino (2Sm 12.7-12). Não
havendo mais argumentos de Davi, restava-lhe apenas declarar “Eu pequei contra
o SENHOR” (2Sm 12.13).
II. CORAÇÃO: LUGAR DE ONDE PROCEDEM OS CASAMENTOS E OS ADULTÉRIOS
Nosso Mestre e Senhor fez-nos compreender que os
adultérios procedem do coração (Mt 15.19). Todo adúltero, voluntáriamente,
busca corromper aquilo que Deus criou para ser santo e intocado: a intimidade
entre um homem e uma mulher (Hb 13.4).
Consideremos os dados apresentados por algumas
pesquisas, que pretendem mapear os fatores de atração entre os sexos e o índice
de pessoas que buscam, voluntariamente, relacionar-se extraconjugalmente.
2.1. Fatores de Atração Entre os Sexos
Além de aspectos físicos e culturais observados
pelas ciências sociais, consideram-se, nas análises auais, aspectos neurofisiológicos,
dentre os quais destacamos flutuações hormonais, circuitos neuronais e
substâncias bioquímicas. Uma pesquisa
realizada pela UFRJ, coordenada pela antropóloga Mirian Goldenberg – que ouviu
1300 homens e mulheres entre 20 e 50 anos, comprovou a seguinte teoria: “O que
mais atrai você no sexo oposto?”, a resposta mais prevalente entre os homens
foi “beleza” e, entre as mulheres, “inteligência”. Ao observamos as Escrituras
conforme o registro do pecado de Davi com Bate-Seba, ambos eram possuidores de
uma beleza excepcional (1Sm .16.12; 2Sm 11.2,3). Tendo em vista que é natural a atração
sexual, isso não quer dizer que devamos nos deixar dominar pelos apelos dos
nossos sentidos e emoções (Tg 1.14). Um dos maiores exemplos é José que fugiu
diante da mulher de Potifar (Gn 39.6-12). Devemos compreender que somos humanos
e não “bichos”; somos racionais e podemos dominar os nossos desejos: “E os que são de Cristo crucificaram a carne
com as suas paixões e concupiscências.” (Gl
5.24).
Porque as pessoas traem?
Causas não-neuróticas:
Insatisfação sexual no casamento que pode levar à
busca de compensação. A perda de atração pelo companheiro(a). O desejo sexual
vai ficando reprimido e as fantaaias vão se multiplicando até levar ao
adultério. A excessiva absorção no trabalho pode produzir no outro uma sensação
de rejeição e abandono. O tédio, que vem da repetição, da rotina e que gera
indiferença sexual e emocional. Extensos períodos de ausência. A pressão do
estar longe de casa durante longos períodos de tempo pode ser esmagadora.
Doenças físicas de vários tipos. Gestações sucessivas.
Causas
neuróticas:
Os "mimados"-são aqueles que acreditam que precisam de tudo o
que desejam. Encaram caprichos temporários como necessidades básicas. Os casos
nunca correspondem sua expectativas, que são, aliás, irreais (ex: a síndrome do
fim de semana perfeito, do sexo perfeito).
Os "narcisistas"
- eles consideram-se irresistíveis, têm uma
necessidade constante de reconhecimento e admiração, uma enorme preocupação
consigo mesmos e uma total incapacidade de corresponder. Adultério para eles é
uma experiência de auto-engrandecimento.
Os "os fujões" - são aquelas pessoas que estão fugindo não apenas
de si mesmas, mas da própria vida.
Os "imaturos"
-são os que através da infidelidade procuram
afirmar, provar eternamente sua masculidade ou feminilidade. A vida
transforna-se num teste contínuo de sedução. A mola propulsora desse
comportamente é ansiedade.
Os "inseguros" - são pessoas que se autodesvalorizam, não se
respeitam e não têm auto estima. Usam o adultério como fuga.
Os "vazios" -
são os que sofrem de um grande vazio existencial e se recusam a dar um sentido
para a própria vida. Estes vão tendo relacionamento promíscuos para encobrir a
falta de nexo dentro de si mesmos.
Os "vingativos"
- São os que traem tendo como motivação um
sentimento de vingança.
A fidelidade conjugal dá segurança ao casamento e
garante a bênção de Deus na vida do casal. Veja o a Palavra de Deus diz:
"Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem
mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros"(Hb. 13:4).
Na verdade, o adultério é a manifestação da
necessiade de cura, libertação interior. Sigamos sempre o conselho das
Escrituras: “Fugi da prostituição. Todo o
pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o
seu próprio corpo. ” (1Co 6.18).
2.2. Pesquisa
realizada pelo site Ashley Madison
Uma recente pesquisa realizada pelo Ashley Madison,
site para pessoas casadas que buscam casos extraconjugais, fez um levantamento
sobre qual a afiliação religiosa adotada pelos seus usuários. A pesquisa,
realizada nos Estados Unidos, revelou que a grande maioria das pessoas que
buscam um relacionamento fora do casamento pelo site se identifica como
cristãos. Os números revelados pela pesquisa
mostram que cerca de 48% dos participantes se classificam como evangélicos ou
protestantes, e cerca de 23% se identificam como católicos. Assim, a pesquisa
mostra que a fé cristã é a mais comum entre pessoas que traem seus cônjuges. O
estudo também revelou que 24% dos homens e 32% das mulheres que usam o serviço
de encontros extraconjugais afirmam que oram regularmente. Quanto ao sétimo
mandamento, apenas 18% dos homens e 11% das mulheres disseram considerar a traição
como um pecado. . O fundador do site, Noel
Biderman, afirmou que a pesquisa mostra que a religião pode ser “retirada da
lista” de fatores que impedem a infidelidade.
III.
NA TRANSGRESSÃO, NÃO HÁ PAZ POSSÍVEL
3.1. Arrependimento
A despeito dos pecados cometidos principalmente por
Davi, e também por Bate-Seba, Deus os perdoou. O perdão foi declarado logo
depois de Davi reconhecer sua culpa: “…disse Davi a Natã: Pequei contra o
SENHOR. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás”
(2Sm 12.13). Já foi demonstrado que Davi colheu consequências por causa de suas
culpas. Isto quer dizer que receber perdão divino não implica na anulação das
consequências das suas escolhas. No salmo 51, escrito por Davi quando o profeta
Natã foi ter com ele, depois de haver ele possuído Bate-Seba, encontramos a
confissão do rei de forma bastante detalhada, na qual reconhece suas culpas.
Davi demonstra nesse salmo a certeza que tem de que Deus pôde perdoá-lo e
restaurar sua vida, restituindo-lhe a alegria da salvação (Sl 51.12).
3.2. Restauração
Se por um lado, a história de Davi serve como alerta
de como podemos cair em tremenda transgressão e ruína espiritual, por outro,
por maior que seja a nossa culpa, mesmo que seja na proporção da culpa de Davi,
ou até maior, aprendemos sobre a grandeza da ação misericordiosa de Deus. Na
descrição do perdão divino concedido a Davi, podemos entender a profundidade
das palavras do profeta Jeremias: “As misericórdias do SENHOR são a causa de
não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se
cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lm 3.22-23). O fato mais significativo
relacionado ao nascimento de Salomão está em que dele descenderia Cristo Jesus.
Isto é destacado por Mateus na genealogia que apresenta de Jesus: “Jessé gerou
ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão, da que fora mulher de Urias” (Mt 1.6).
Nota-se que Mateus, inspirado pelo Espírito Santo ao escrever sobre a
genealogia de Cristo, não deixou de lembrar que Salomão era filho de Davi com a
mulher que fora esposa de Urias. Apesar do pecado de Davi e Bate-Seba, a graça
do Senhor tornou possível, por meio deles, o nascimento daquele de quem
descenderia o Messias.
Conclusão: - Deus
reconhece o nosso desejo de intimidade, mas não aprova tal intimidade fora do
casamento. “Por causa da impureza, cada um tenha a sua
própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7.2). O
conselho de Salomão ainda é válido: “Bebe a água da tua
própria cisterna e das correntes do teu poço... alegra-te com a mulher da tua
mocidade... e embriaga-te sempre com as suas carícias... O que adultera com uma
mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv 5.15,18-19; 6.32).
Que Deus nos abençoe.
Professor, José Fábio