NEM FUNDAMENTALISTA E NEM APÓSTATA: O DESAFIO DE SER UM CRISTÃO
EQUILIBRADO
Um erro muito comum nos meios
cristãos é a confusão que se faz entre princípios e costumes, entre justiça
divina e mandamentos.
Por Felipe Machado
Uma
das tarefas mais difíceis do cristão é a de transformar em prática os preceitos
e mandamentos das Escrituras. Não falo aqui da dificuldade de realizar o que é
certo fazer, como dizia Paulo “o bem que quero fazer não faço”, mas falo
justamente da dificuldade de saber o que é certo fazer.
Por exemplo, quando Jesus diz “Amai ao próximo como a ti
mesmo” é fácil entender que devemos amar a nosso próximo, mas como? Com quais
atitudes? Quando lemos “não andeis ansiosos com coisa alguma” como realmente
devemos nos comportar afim de seguirmos essa orientação plenamente?
Um erro muito comum nos meios cristãos é a confusão que se
faz entre princípios e costumes, entre
justiça
divina e mandamentos.
Quando há confusão entre estes dois conceitos as pessoas acabam caindo ou na
apostasia ou no dogmatismo, e como apostasia gera dogmatismo e dogmatismo gera
apostasia então entra-se num ciclo difícil de quebrar.
Tão difícil de quebrar que boa parte das pregações de
Jesus foi para combater estes dois erros. O que Jesus nos ensina é que os
princípios e a justiça divina são imutáveis, mas que os costumes e doutrinas
que vivemos precisam ser contextualizados afim de cumprir a justiça divina
plenamente.
“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim
destruir, mas cumprir. […]. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. […].
Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo
aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu
adultério com ela. ”
Mateus 5:17,20,27-28
O fato é que a justiça divina precede a doutrina, antes
mesmo de existirem os 10 mandamentos já havia a justiça divina. Acontece que
para que os homens não violassem os princípios divinos Deus deu
mandamentos/doutrinas/costumes afim de facilitar para que andassem no caminho
correto.
Mas os costumes nunca foram fixos e/ou imutáveis:
existiram mandamentos específicos para o povo de Israel no deserto; existiram
mandamentos quando eles se instalaram na terra de Canaã; existiram mandamentos
para tempos de guerra; no novo testamento Jesus contextualiza os mandamentos
para que eles correspondessem à justiça divina e os apóstolos às vezes davam
doutrinas diferentes para igrejas diferentes de acordo com o que estavam
vivendo e com o ambiente no qual estavam inseridos. Por exemplo, apenas à
igreja em Corinto que Paulo orienta que as mulheres ficassem caladas na igreja:
As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é
permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. 1
Coríntios 14:34
Acontece que a lei (Torá) veio antes de existirem igrejas
(ou sinagogas) então não há mandamento específico que proíba uma mulher de
falar na igreja, mas havia na lei sim o princípio de submissão e, naquele
contexto, o estar calada nas igrejas era uma forma de viver o princípio da
submissão naquele contexto. O próprio Paulo explica, no versículo seguinte, que
o motivo daquela orientação era evitar o escândalo porque naquele ambiente era
vergonhoso que as mulheres falassem na igreja.
“E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus
próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja. ” 1
Coríntios 14:35
Tomando como exemplo o trecho acima, podemos ter num
contexto cristão o fundamentalismo que vai querer que as mulheres fiquem caladas
nas igrejas independente do contexto só porque está escrito na bíblia, ou a
apostasia feminista que vai querer desconstruir o princípio de submissão e
casamento só porque a orientação de Paulo àquela igreja no contexto atual pode
ser considerada ‘machista’.
Um cenário aonde quase sempre há confusão é a respeito de
sensualidade. Qualquer cristão concorda que a sensualidade fora do casamento é
pecado em qualquer circunstância. O problema é que é uma tarefa impossível
definir um limite de quando algo se torna sensual, até porque quando se afasta
dos extremos a sensualidade é relativa a quem observa. Podemos concordar
unanimemente que a exposição de órgãos sexuais exprime sensualidade, mas se há
sensualidade na exposição dos pés, por exemplo, vai depender da loucura de quem
observa.
Então começam a surgir doutrinas a respeito do tamanho de
calças e vestidos visando colocar uma ‘margem de segurança’ antes do pecado.
Mas quem apenas segue a doutrina cegamente sem entender o princípio por detrás
corre o risco de cair no velho erro do vestido que cobre até o pé, porém é mais
apertado do que um Palio com oito passageiros, ou seja, segue a doutrina mas
viola o princípio. Por outro lado, a apostasia desconstrucionista vai dizer que
uma vez que não há uma clara definição a respeito do que é sensualidade
qualquer regra é hipócrita e doutrina de homens, e no fim podem acabar vivendo
como animais sem lei.
É importante e sábio que numa congregação haja doutrinas
que se adequem ao consenso geral e ao ambiente que está inserida, porque em
muitos casos o senso comum é o que define o pecado. Talvez numa tribo mais
isolada seja corriqueiro mulheres andarem com os seios expostos, coisa que numa
igreja batista qualquer faria os adolescentes falarem grego. Então existe sim
um senso comum, mesmo que seja difícil de defini-lo.
Mas o que Jesus ensina é que individualmente e a despeito
de qualquer doutrina, nós tenhamos a sabedoria e discernimento de adequarmos
nossos costumes de acordo com o que poderia nos fazer pecar. Se mesmo vestindo
as “roupas certas” alguma pessoa é sensual para você, não olhe. Se passar
na frente de um bar te faria cair no alcoolismo, dê a volta no quarteirão. Se
não consegue se controlar na internet e acaba vendo o que não deve, não use
internet. Se está em alguma rede social que te expõe frequentemente a algo que
não é santo, saia.
“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e
atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do
que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te
escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos
teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. ”
Mateus 5:29,30
* As
opiniões expressas nos textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos
respectivos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Gospel Prime.
Fonte: https://artigos.gospelprime.com.br/nem-fundamentalista-e-nem-apostata/
Concordo plenamente,o homem criou esse costume em pról do seu próprio benefício,pq muitos deles não conseguem ter alto 'controle" da situação.o brigaram as mulheres a escravidão de vestimenta etc..pura ignorância,se fosse assim nos países árabes mulheres não eram estrupada,ja que aqui no Brasil dizem que mulher andar quase q despida tá pedindo pra estrupada,claro que nos mulheres cristãs não vamos andar despidas ou escandalosas,mas com modéstia e simplicidade.
ResponderExcluir